A partir do sentimento de desenraizamento, registrei uma série de imagens que deram origem ao projeto aqui apresentado. “Exílio” é uma obra ainda em processo e que evolui junto às minhas experiências enquanto exilada, onde tudo acontece a partir de um novo ponto de vista, por estar em um país onde a língua, os costumes, a cultura, a comida e o cotidiano são diferentes. O sentimento de soltar as raízes levanta muitas outras questões que procurei trazer para o projeto. Um dos motivos pelos quais as imagens são compostas por diversas camadas é transmitir essa sensação de instabilidade que a experiência carrega, além das perguntas que constantemente me atravessam aqui, como: “será que minhas raízes algum dia voltarão a ser firmes como antes?” ou “o que ou quanto tempo leva para me sentir parte orgânica de algo?”.
As imagens também representam a liberdade que esse desenraizamento carrega. O sentimento de pertencer a um lugar, mas não exatamente, também é libertador e positivo. O fato de não estar “presa” a um lugar familiar — e por isso confortável — faz com que todos os ruídos e detalhes que passam despercebidos em nossas rotinas sejam absorvidos de forma completamente diferente, pois estamos em estado de alerta, tornando a experiência do exílio muito enriquecedora.
Criação, performance e edição de imagem: Daiane Rafaela
Imagens: Daiane Rafaela e Guilherme Belotti
Exposto na Casa Selvática – Curitiba, Brasil em março de 2015.