Em que momento uma ação passa a ser chamada de performance?
A chave está no ato em si, ou em quem o realiza?
Pode qualquer ação cotidiana ser performatizada?
Foi a partir do desejo de transformar ações simples em performance, que surgiu o projeto 16frames. Durante 16 semanas consecutivas, eu me comprometi a performar ações tidas como cotidianas, utilizando uma cabine fotográfica de rua como espaço e também para registro da performance, cada uma em 16 imagens.
O exercício de performatizar a ação elevou minha consciência e sensibilidade sobre o ato, trazendo reflexões sobre como e porque fazemos as coisas de determinada forma, e como isso poderia ser reimaginado no formato da performance.
As cabines fotográficas são presença marcante em Berlim, onde o projeto foi realizado. Estão espalhadas por toda a cidade e são utilizadas diariamente por turistas para registrar momentos da viagem. A escolha delas como espaço dialoga com o cotidiano que busquei performatizar, além de possibilitar o registro no formato que veio a dar nome ao projeto: 16frames.
À medida que evoluía o processo, as ações foram do cotidiano ao absurdo, influenciadas por acontecimentos ou impulsos que moveram a criação por novos caminhos. Enquanto algumas mantinham a premissa original, outras se aproximavam de manifestos políticos e até mesmo da própria performance mais tradicional. Este percurso tortuoso é tão parte da obra quanto o impulso inicial, somando ao questionamento dos limites entre ação e performance.
Cada ação foi realizada apenas uma vez e os registros foram mantidos sem edição, criando um intertexto entre fotografia e performance, um still frame do ato performático, que registra mas também dialoga, e portanto é parte integral da obra.
Sére fotográfica. Diferentes cabines de foto na cidade de Berlim, Alemanha, 2019.